Um navio no bar no Moraes

Por Alexandre Zadra

Como de costume os amigos de longa data, Bicão e Leli, já se encontravam no bar do Moraes às 6h30 da manhã para tomar um pingado e comer o famoso pão com manteiga na chapa do português. Enquanto saboreavam a iguaria assistiam o noticiário da manhã, seguindo depois para o trabalho. Ambos tomaram um susto quando o âncora do telejornal anunciou que no porto de Santos haviam em torno de 25 mil cabeças de gado que aguardavam dentro no navio de nome “Nada” a viagem para a Turquia. A reportagem mostrava um grupo de ativistas filmados no dia anterior, se colocando a frente dos caminhões que traziam os animas e outros expondo faixas com dizeres como “É assim que se produz carne”. Nas entrevistas, os manifestantes afirmavam que sempre que essa operação ocorrida, era um exemplo de maus tratos aos bovinos, pois, de acordo com as ONGs que protestavam e embargaram temporariamente o processo de exportação, os caminhões e navios não apresentavam condições mínimas de bem estar aos animais.

O assunto se espalhou por todo canto, deixando muita gente revoltada com a notícia.  Em pouco tempo o episódio foi esclarecido à população leiga no assunto, demonstrando que todos bezerros são tratados com os cuidados necessários, atendendo todas as regras de bem estar animal.

Tão logo recebera o comunicado que a Justiça de São Paulo havia determinado a suspensão do processo de exportação desses animais, a empresa responsável entrou com recurso, jogando o processo para a esfera federal, a qual solicitou a inspeção da vigilância sanitária, concluindo em seu relatório que o navio tinha e tem todas as condições sanitárias para realizar o transporte, provendo ao gado dos recursos necessários para que chegasse ao seu destino com saúde e bem tratado.

Nos últimos anos o Brasil exportou milhares de animais vivos a diversos países, sendo o principal cliente a Venezuela. A Turquia, que completa seu 2º embarque de cruzados pelo porto de Santos, atingiu 45 mil animais cruzados.  Em 2018 serão mais de 80 mil bovinos, frutos de cruzamento industrial, que serão exportados para a Turquia, o que anima os criadores em continuar a fazer o cruzamento bem dirigido com touros de alto potencial de crescimento. A aritmética é simples:  o quilo desse bezerro comprado com até 300 quilos de peso é pago pelos exportadores com ágio de até 30% sobre o preço da arroba do macho, sendo então uma alternativa interessante para aqueles que se esmeram em produzir com qualidade.

Dessa forma, vem se configurando um sistema de cria, onde se insemina com raças taurinas, vendendo esse macho para ser exportado, e as fêmeas cruzadas engordadas ou reproduzidas para serem comercializadas pelo preço do boi para o mercado interno que atende com essa carne, as marcas de carne de grife.

Consideramos uma obrigação lavrar um protesto contra as diatribes dos veganos (pessoas que são contra exploração de animais), pois os custos da diária de um navio desse tipo no porto de Santos, impedido de seguir viagem por ordem judicial estadual, oneraram à empresa exportadora em alguns milhares de dólares.

O navio é a forma mais barata, segura e confortável para se transportar carga viva. É de praxe que um grupo formado por veterinários e zootecnistas acompanhe a viagem dos animais, tratando aqueles que porventura venham a apresentar algum problema sanitário.

Vale lembrar que os bovinos trazidos ao Brasil desde o descobrimento, chegaram por via marítima em condições sanitárias terríveis. No último século, os Zebuínos foram os protagonistas dessa linda história da pecuária nacional, onde centenas de animais desembarcaram aqui para formar o que é hoje o maior rebanho comercial do mundo e o único que aumenta a produção de carne sem abertura de novas áreas, nos enchendo de orgulho.

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