Zadra responde: para que fazer cruzamento se os cruzados comem bem mais que o Nelore?

Pergunta: 

Para que fazer cruzamento se os cruzados comem bem mais que o Nelore? (Laercio del Picchio – Camapuã/MS)

Resposta:

A pergunta tem fundamento, pois os animais cruzados apresentam maior ingestão diária de alimentos, variando com a porcentagem de sangue europeu. Animais ½ sangue europeus apresentam excelente apetite mesmo no clima quente do Centro Norte do Brasil, ingerindo de 15 a 20% mais que os animais zebuínos. Entretanto, o que os trabalhos de pesquisa demonstram é que os produtos de cruzamento têm sido mais eficientes quando se observa o tempo gasto para abatê-los.

Bois castrados com 15 meses, terminados a pasto com suplementação. Agropecuária SV (MS)

Sendo assim, no tocante aos machos cruzados, a vantagem maior de se realizar o cruzamento dirigido entre raças é obter um retorno econômico sobre o capital investido. Os animais cruzados são abatidos entre 8 e 12 meses mais cedo que os animais zebuínos, aumentando o giro de capital da fazenda e, consequentemente, diluindo os custos fixos da propriedade por arroba produzida.

Os estudos econômicos do sistema intensivo de pastagens com suplementação alimentar no campo para animais cruzados têm dado 100% de retorno econômico sobre o investimento feito em adubação e ração a fim de prover maior produção de forrageira e de carne por área.

Bois cruzados Angus/Nelore superprecoces, abatidos com 530 kg de PV aos 14 meses de idade. Renato Medeiros (MS)

Aproveitamento das fêmeas cruzadas como matrizes

Quando pensamos em fazer cruzamento entre raças, o principal objetivo é aproveitarmos a fêmea cruzada como matriz, pois ela apresenta extraordinária precocidade sexual em resultado da heterose obtida quando cruzamos zebuínos e taurinos. Dessa maneira, as novilhas F1 (cruzamento entre duas raças puras) que sejam adaptadas (entende-se por adaptadas os animais de pelo curto, liso e brilhante) para o Brasil tropical entrarão no cio 12 meses antes que as zebuínas, produzindo seu primeiro bezerro com 28 meses, enquanto as zebuínas produzirão seu 1º bezerro entre 36 e 38 meses.

Novilhas F1 Angus pesando 300 Kg aos 10 meses. Marcos Garcia (MS)

Podemos aqui discutir o consumo maior de uma vaca adulta cruzada em relação à vaca Nelore. Esse sim é o maior limitante de se manter as vacas cruzadas como reprodutoras, pois pesam em torno de 100 kg a 150 kg a mais que as vacas Nelore e, por conseguinte, seu consumo alimentar é proporcionalmente maior, produzindo praticamente o mesmo bezerro que a Nelore (de modo geral os filhos das F1 são 10% mais pesados que os filhos das Nelore). Portanto, nossa recomendação para produção de fêmeas F1 cruzadas é para que se dê preferência para raças europeias britânicas, como Hereford e Angus, que têm um porte menor que as continentais (Simental, etc.), sendo nutricionalmente menos exigentes. Também sugerimos que sejam descartadas as matrizes que não produzam a cada 12 meses bezerros que pesem pelo menos 45% do peso delas no momento da desmama.

Matriz F1 Angus com bezerro Brangus no pé – excelente habilidade materna. Fazenda Sete Voltas (MS) 

Outra vantagem de se utilizar as fêmeas cruzadas diz respeito aos altos índices de reconcepção das primíparas que, na comparação com as primíparas Nelore são 15% superiores nos índices de prenhês. Ou seja, se em cada 100 primíparas Nelore obtemos índices de reconcepção de 65% (apenas um exemplo), teremos nas primíparas cruzadas um índice de 80% de reconcepção.

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