Cruzamento industrial: a vez das matrizes F1

Alexandre Zadra

Fato que vem se tornando comum quando falamos em matrizes de qualidade é o aumento na procura da novilha meio-sangue Angus para engorda e abate, onde essa carne que apresenta gordura clara, ótima maciez e cobertura de gordura é vendida por melhores preços a nichos de mercado mais exigentes. Considerada por muitos a “rainha da pecuária brasileira”, pelos seus apanágios reprodutivos, essa matriz F1 naturalmente precoce e fértil apresenta uma versatilidade inigualável, servindo de base para outros programas de produção.

Primipara F1 Angus no Pará – adaptação e precocidade inigualável

Viajando do Rio Grande do Sul ao Pará podemos encontrar a F1 “rainha da cria”, sendo utilizada como receptora de embriões, como base para a formação do Brangus, ou mesmo servindo de forma para a produção de animais tricross que se encaixam dentro de programas de carne especiais como o produto tricross Bonsmara, o qual vem sendo usado sobre a F1, sendo  recomendado no clima tropical do Centro Norte se levar ao gancho tanto machos como fêmeas no sistema de cruzamento terminal.

Animais Tricross Bonsmara x F1 Angus pesando 270 kg

Boi tricross Bonsmara x F1 Red Angus – 17@ na desmama

Já quando pretendemos aproveitar as fêmeas tricross no Brasil Tropical, recomendamos o uso do Senepol sobre essas matrizes adultas F1 Angus, produzindo animais muito adaptados e precoces, onde o ideal é castrar os garrotes duas arrobas antes do abate no caso de terminação a pasto.

Bezerro Tricross Senepol x F1 Angus com 40 dias

Bois Senepol x F1 Red Angus com 22 meses e 17@

Não podemos nos esquecer ainda do Wagyu, que vem usando essa F1 Angus como mãe dos tricross Wagyu para gerar o Kobe beef, tão valorizado e procurado nos restaurantes finos de São Paulo.

Bezerro tricross Wagyu x F1 Angus com 3 meses de idade

Como se não bastasse, quando pensamos no sistema de produção do superprecoce, animal abatido antes da primeira muda de dentição, a F1 Angus entra como a base ao ser inseminada com outras raças Europeias, tais como Hereford, Simental, Pardo de Corte, Charolês, criando ai o produto com alto metabolismo requerido na engorda do superprecoce, o qual deve ganhar se possível na faixa de 1.800 g ao dia.

Novilhas tricross Braford x F1 Angus superprecoces pesando 450 kg aos 15 meses de idade

Mesmo sabendo que toda comparação é odiosa, quando observamos a pecuária americana atual, encontramos uma estratificação de rebanho bem diferente da nossa, onde o pasto é reservado a produção de bezerros, permanecendo para os confinamentos a responsabilidade pela engorda dos mesmos, não havendo praticamente a recria. O reflexo primeiro é o alto desfrute obtido pelo rebanho norte-americano (acima de 35%), maior produtor de carne no mundo com apenas 90 milhões de cabeças, face nossas 200 milhões de cabeças.

Devemos nos conscientizar que se queremos fugir dessa vetusta realidade de nossa pecuária e dobrar a produção de carne na mesma área, não há outro caminho que não seja manter vaca no pasto, melhorando-as paulatinamente através da seleção e utilizando-as no cruzamento industrial com raças maternas para, assim, produzir os excepcionais tricross que deverão ser confinados, seja após uma pequena recria nas áreas de Integração Lavoura Pecuaria, ou mesmo confinados tão logo sejam desmamados.

Vaca F1 Angus com bezerro tricross Hereford no pé

Se nosso País realmente quiser duplicar a produção de carne na mesma área, basta fazer cruzamento e melhorar pastagens, mas se o Brasil almeja triplicar a produção de carne não há outra alternativa senão, além de cumprir as necessidades anteriores, dobrar o rebanho de fêmeas, passando a 100 milhões de vacas  de corte no pasto.

1 comentário em “Cruzamento industrial: a vez das matrizes F1”

  1. parabéns pela iniciativa do Blog, o produtor brasileiro precisará de boas fontes de informação nessa nova fase do cruzamento industrial.

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