Quando Arnaldo Padulla, pecuarista de pequeno porte do Triangulo Mineiro, fecha sua contabilidade ao final do ano, senta com sua esposa e companheira de mais de 25 anos, Graziela Padulla, como de costume para analisar as contas do ano que passou, se gastaram muito, onde gastaram, o que venderam e quanto faturaram, para saber se conseguiram cumprir com o planejado e o que farão no ano seguinte.
Muito se fala sobre novos métodos de administração e planejamento, onde a todo instante consultores da área de economia agrícola criam novas métricas, por vezes complicando as contas do negócio.
Gerenciar com simplicidade significa traçar metas de vendas e gastos e ao final do ciclo analisaremos o balancete geral como todos negócios, sendo o resultado da operação dado por quanto vendemos menos o quanto gastamos, considerando-se o patrimônio aumentado ou diminuído.
A propriedade dos Padulla tem 50 ha de pastagens, onde arrenda outros 60 ha por R$ 24.000,00 pago anualmente, perfazendo uma área total de 110 ha. O rebanho é constituído de 6 touros taurinos adaptados, 120 matrizes em reprodução, 40 fêmeas jovens, 40 garrotes e 40 bois.
Com a planilha de gastos nas mãos, Padulla chegou a R$ 150.000,00 de despesas gerais, iniciando então a análise dos gastos que teve item a item.
Já de pronto observou que, como de costume, o maior peso nas despesas da fazendinha ficou por conta da folha de pagamento, mesmo tendo apenas um funcionário fixo, para o qual paga 2 salários mínimos + comissão de 1% sobre o faturamento total. Muitos colegas pecuaristas acham que ele inflaciona o mercado pagando 2 salários mínimos enquanto a média geral de proventos da região não ultrapassa 1 salário mínimo mensal, mas ele afirma que se não paga bem não pode exigir do funcionário maior empenho na atividades.
Esse custo anual de R$ 40.000,00 já considerando os impostos, férias, 13º salário é inevitável, sendo que a única alternativa para diluir esse custo operacional, bem como os custos com depreciação de maquinário, arrendamento de terras vizinhas, adubação e limpeza de pastagens, produção de silagem e reformas de cerca é produzir e vender mais arrobas por ano.
Já o segundo colocado em custos para a pequena Fazenda Sta Rosa ficou por conta da silagem, a qual sai na média de R$ 90,00 a tonelada, a qual é produzida fora da propriedade num sistema de parceria. Com a produção anual de 400 toneladas, o custo total da silagem ficou em R$ 36.000,00, onde Padulla afirma que terceiriza todo plantio e colheita, não tendo custos anuais com depreciação de plantadeira e colheitadeira os quais usa uma única vez ao ano, não justificando sua aquisição.
O terceiro maior custo na planilha do pecuarista foi o nutricional, o qual gasta no total R$ 35.000,00 com a ração dos bois e o sal comum e proteinado para as fêmeas e machos jovens. Como ele mesmo esclarece “preciso adiantar meu gado, como não tenho muita terra, todo boi meu deve ir para o abate com no máximo 24 meses e toda fêmea minha tem que entrar no cio com essa idade, portanto, somente com bons pastos e ótima suplementação que consigo acelerar meu gado.
No quarto posto de custos figurou o arrendamento de pasto com R$ 24.000,00, o qual também é explicado com simplicidade pelo pecuarista “Se eu tivesse que comprar mais terra para produzir o tanto de bois que produzo teria que gastar um mundo de dinheiro, então prefiro arrendar pasto para as novilhas e garrotes.
Depois disso outros custos pesam, mas não muito, como compra de ureia para adubação de cobertura 2 x no verão.
Quanto aos custos com maquinário, a fazenda dos Padulla possui um pequeno trator de 85 cavalos e implementos usados com frequência na pecuária como uma distribuidora de adubo e semente rotativa, uma carretinha, uma pá carregadeira traseira e uma roçadeira. Como ele mesmo exemplifica “ não posso depender da boa vontade de um vizinho para emprestar uma Vincon para nosso uso na aplicação de ureia, nem de uma roçadeira ou de uma carretinha que uso direto na época do fornecimento de silagem, portanto, são implementos que se pagam e que não dão custos altos a fazenda”.
Quando Arnaldo Padulla entra na planilha de vendas sua feição melhora muito, pois sua fazenda teve receita bruta de R$ 202.000,00 com a venda de 6 touros adaptados, 30 bezerros e bezerras, 30 vacas descarte e 40 bois adultos. E assim, Padulla e sua esposa implementarão nesse ano a Inseminação também no gado comercial, além de pretenderem vender todos seus bois gordos com no máximo 16 meses de idade, os quais colocarão ração no creep feeding para os bezerros desde os 45 dias, confinando os depois de uma pequena recria de 120 dias. Com isso incrementarão sua receita, além de sobrar pastos possibilitando o aumento do rebanho de matrizes conseguindo assim uma maior produção de arrobas na mesma área.