No último dia 1º de setembro, o zootecnista Alexandre Zadra participou de mais uma sessão de perguntas e respostas sobre cruzamento industrial para gado de corte no programa Giro do Boi.
O especialista opinou sobre o motivo de tantas perguntas sobre o tema serem enderaçadas ao programa de forma contínua. “No Brasil você tem possibilidade de trabalhar com muitas raças”, justificou.
Veja a seguir as perguntas atendidas pelo zootecnista:
– Tenho fêmeas mestiças Guzerá e um touro Guzerá, mas estava pretendendo introduzir novilhas Pardo-Suíço no rebanho. Vai dar certo? Ou que raças devo utilizar no cruzamento com Guzerá? (perguntas semelhantes enviadas por Luciano Passos Santos, de Salvador-BA, e por Saulo Neto, de Recreio-MG)
Zadra: “Vai dar certo. O Pardo-Suíço sobre esse gado Zebu Guzerá, ou guzeratado, dá um choque de sangue muito bom, as fêmeas são todas zulegas, ou fumaça, 100% fumaça, que vêm da cor do Guzerá com o Pardo-Suíço. Antigamente existia o ⅝ e ⅜ dessas duas raças, que era o gado Lavínia, ⅝ Pardo, ⅜ Guzerá. Mas vamos dizer o seguinte, faça a sua meio-sangue com Pardo que você estará muito bem atendido, boas F1, que são muito precoces, e os bois ultra pesados”.
– Para fazer cruzamento industrial Senepol x Nelore na região, existe diferença entre usar o touro Senepol na vacada Nelore e usar o touro Nelore x vacada Senepol? Alguma opção é mais recomendada? (Felipe Rocha, de Bom Despacho-MG)
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– Posso cruzar as fêmeas F1 de Nelore x Senepol com um touro Senepol? Queria mais informações sobre o resultado. (Danilo Magno Lage, de São Sebastião do Rio Preto-MG)
Zadra: “Dá muito certo! O Senepol casa muito bem com o Nelore por conta do tamanho dele. É como se fosse um Angus, guardando as devidas proporções de seleção. Mas os dois têm o biotipo britânico, que vai muito bem na Nelore, na Zebu, que é a matriz ideal para o biotipo britânico, essa nossa matriz zebuína”.
– É melhor usar o touro Zebu na vaca taurina? Ou o contrário? (Isaías Oliveira, de Novo Repartimento-PA)
Zadra: “Para pensar em taurino em Novo Repartimento-PA, tem que pensar numa fêmea de pelo zero, que é Senepol ou Caracu. Então você teria que ter essas matrizes para fazer o cruzamento inverso. Como as matrizes taurinas adaptadas são mais precoces do que o zebuíno, seria mais interessante termos matrizes com excelente habilidade materna e precocidade usando touro provado Zebu. Então basicamente é isso. Lógico que o contrário é o que a gente encontra com mais naturalidade, matrizes zebuínas que a gente cruza com taurino, no caso da inseminação poderia ser também com europeu, que é a maioria que faz na IATF, usa europeu na zebuína quando faz cruzamento”.
– Gostaria de saber sobre algum tricross para cruzar com novilhas F1 Nelore e Angus. Qual seria a minha melhor opção para o terceiro cruzamento para criação a pasto? Quero abater em protocolo diferenciado. (Silvana Chaves, com propriedade em Presidente Venceslau-SP)
Zadra: “Várias opções. A gente tem desde o touro bimestiço como um outro taurino. Se você for recriar a campo, com capricho em fazer uma terminação no cocho, para a gente poder fazer a carne macia que a gente pretende, pois quanto mais jovem o animal, mais macia a carne, você pode usar um bimestiço tal qual o Braford, o Canchim ou Santa Gertrudis. Se você quiser dar um choque de sangue 100% e fazer uma carne mais macia ainda, você pode usar Senepol, Bonsmara ou Caracu. Aí você fará animais que podem ser recriados a pasto. Com um pouquinho da capricho, principalmente se for Bonsmara ou os bimestiços sobre a sua meio sangue, já que os animais vão ter um ‘cabelinho’, você vai fazer um animal espetacular de desempenho”.
– Crio vacas Nelore para venda de bezerros. Estou fazendo IATF de Angus em vaca Nelore e coloco touro Senepol no repasse. Quero produzir bezerros tricross para aproveitar a heterose. Gostaria de saber qual seria o melhor cruzamento após o meio-sangue Angus. Estou pensando nas seguintes raças: Charolês, Brangus e o próprio Senepol. (Eduardo Cavalcante, de Araxá-MG)
Zadra: “Aí é calor. Com Senepol, você vai fazer um animal muito precoce e se você quer fazer um animal precocinho, bem novinho de peso menor na terminação, vá nele. O Brangus vai fazer um animal de maior porte com um pouquinho de pelo, então capriche na recria. E o Charolês, aí a gente recomenda usar um europeu sobre uma meio-sangue europeia no calor tão somente se você desmama e joga direto no cocho ou tenha uma recria na integração lavoura-pecuária, seja com esse Charolês ou qualquer outro europeu na sua meio-sangue, que dá pelo e ele não é adaptado, ou seja, você tem que dar comida para ele, essa proteção que a gente dá para um animal que não é adaptado. A questão é comida no cocho: se você quer usar europeu na sua meio-sangue, desmamou, vai para o cocho, é espetacular. É um super precoce espetacular, mas tem que ter comida pós-desmama”.
– Eu penso em produzir Nelore PO a partir da transferência de embriões em receptoras Angus meio-sangue (Angus x Nelore). Após a desmama do bezerro Nelore, penso em aproveitar essas receptoras F1 para produzir bezerros tricross como gado de corte. Qual o melhor touro devo levar a campo nessas receptoras, que me darão o melhor produto final para o abate? Senepol ou Bonsmara? O ideal é abater a receptora F1 após o primeiro ou após o segundo parto de tricross em regime de pasto? (José Dener, de Farias Brito-CE)
Zadra: “O Bonsmara vem da África do Sul, então ele é um animal que vem de um clima seco. O Senepol também, nas Ilhas Virgens é seco, então os dois seriam ótimas opções na F1 para você. Quando você fizer o tricross com qualquer um dos dois, você vai fazer animais de carne muito macia e bons animais tricross. O Bonsmara tem um desenvolvimento que vai fazer um boi mais pesado do que o Senepol. Agora se você for aproveitar a fêmea, o Senepol na F1 vai fazer uma tricross excelente nesse caso”.
– O cruzamento da fêmea Tabapuã com o Caracu fica bom para gado de corte? Dá uma carne premium? (Cleimisson Francioni, de Coronel Vivida-PR)
Zadra: “Dá, sim! Touro taurino na Zebu faz um meio-sangue com carne mais macia do que o Zebu. A maciez está ligada às raças, também está ligada a diversos fatores, mas quando a gente pensa em fazer uma carne de qualidade, é carne macia. Qualidade é maciez. Quanto mais taurino no animal, mais macia é a carne. Então você fazendo Caracu na zebuína, você vai fazer uma carne macia espetacular”.
– Gostaria de saber se daria bom o cruzamento do Sindi com Pardo-Suíço. (Marcos Marinho, com propriedade em Tucano-BA)
Zadra: “Vai. Se você tem sua base Sindi , você joga Pardo-Suíço e você vai fazer fêmeas meio-sangue Sindi e Pardo-Suíço excelentes, que vão ser precoces, vão ter habilidade materna muito boa, vão ser matrizes muito boa e os bois pesados. Se você está falando no caso de você ter a meio-sangue Pardo e usar o Sindi, pode ser isso que você esteja perguntando, esse tricross Sindi na meio-sangue Pardo-Suíço também é muito bom, excelente, vai desmamar um bezerro muito pesado”.
– Prezado Zadra, acompanho com muita atenção suas dicas e gostaria de sua orientação: tinha um curral de leite e, ao longo dos anos, introduzi bois Guzerá de modo que com o tempo descartei a F1 ficando com as filhas F2 em diante. Passei ao corte, introduzindo touro Tabapuã excelentes nessas fêmeas já bem guzeratadas, resultando em bezerros maravilhosos. Há alguma melhoria que ainda poderia implementar neste plantel em termos de touro para melhorar precocidade ou não mexo no que está dando certo? (Carlos Bergamini, de Belo Horizonte, Minas Gerais)
Zadra: Quanto mais cruzamento você faz, mais heterose você gera e melhora o resultado em saúde e precocidade sexual. Como você já fez cruzamento com Zebu, você podia fazer Nelore agora, outro zebuíno. Mas se você quiser gerar mais heterose e ter mais resultados, eu recomendo que você use, ou pode estar na hora de você usar um Angus, um outro taurino que esteja fácil para você como touro, talvez o Caracu, Senepol, o Bonsmara. Você vai gerar heterose, vai colher mais resultados. Eu recomendo que você faça já agora cruzamento com raças taurinas”.
Assista ao vídeo com as resposta clicando na imagem abaixo: